Empresarios envolvidos na Lava Jato podem estar apoiando chapa de Laércio na CNC

Ação Nociva: Os parlamentares Laércio Oliveira e Aldemir Santana usam a máquina partidária na disputa por entidade sindical patronal
Publicado em 21/07/2018 as 06:34

A mistura de política partidária com sindicalismo sempre produziu resultados nefastos na história do Brasil. E é que o está acontecendo na eleição para a renovação da diretoria da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que será realizada em setembro. Apesar da maioria esmagadora das federações filiadas à entidade – 23 das 27 federações – ter decidido apoiar a chapa “Unidos pela CNC”, encabeçada por José Roberto Tadros, presidente da Fecomércio Amazonas, cuja vitória é dada como certa, nos últimos dias um inexpressivo grupo composto pelo senador Adelmir Santana (DEM-DF), da Fecomércio DF, e pelo deputado Laércio Oliveira (SD-SE), da Fecomércio de Sergipe, inscreveram na disputa uma chapa de oposição. Essa chapa, que está sendo chamada de “chapinha”, conta com a participação de pessoas de pouca expressão e é apoiada por empresários envolvidos na Lava Jato.

Tapetão

Reconhecendo a derrota antecipada, esse grupo minoritário, segundo a equipe de Tadros, vem tumultuando o processo eleitoral, na tentativa de levar a disputa para o famigerado “tapetão”. “Como já perderam de goleada, os dois estão tentando melar o pleito”, diz um dirigente ligado a Tadros. A chapa “Unidos pela CNC” tem apoio inclusive de Antônio Oliveira Santos, que depois de quase três décadas comandando a entidade, resolveu se afastar, encerrando um ciclo vitorioso à frente da CNC. No período de Santos, a CNC passou a representar uma categoria que corresponde a 25% do PIB, gerando 25,5 milhões de empregos diretos. Santos dinamizou ainda o Sesc e o Senac, contribuindo para a transformação social do País, o que Tadros pretende ampliar.

“ Temos que evitar que a exacerbação ideológica intoxique o processo eleitoral na CNC “ José Roberto Tadros, presidente da Fecomércio Amazonas

Na campanha sucessória na CNC, Tadros tenta evitar que a “exacerbação ideológica” verificada no processo eleitoral, que escolherá novo presidente da República em outubro, “intoxique a entidade”. Por isso, espera que a CNC livre-se da influência política de “figuras” como Adelmir Santana e Laércio Oliveira. Tadros demonstra que apoiadores dos dois políticos se envolveram com a Lava Jato, como o vice-presidente financeiro da CNC, Luiz Gil Siuffo Pereira, chamado a prestar esclarecimentos ao MP sobre o repasse de R$ 180 milhões do Sesc/Senac Rio para grandes bancas de advocacia, “num esquema montado pelo presidente afastado da Fecomércio RJ, Orlando Diniz”. Tanto Siuffo quanto Diniz têm fortes conexões com a “chapinha”. A filha de Siuffo, Maria Aparecida, integra a chapa da oposição.

O PT é prova viva de que a política partidária acaba, ao fim e ao cabo, destruindo a máquina sindical brasileira. A CNC não quer repetir esse filme.


Fonte: Revista Isto É