Projeções da inflação para 2024 são reduzidas, mas podem variar

Índices foram apurados por boletins do Banco Central e do Ministério da Fazenda; economista explica que projeções podem ser revistas de acordo com mudanças em fatores que influenciam os preços, incluindo os climáticos
Publicado em 09/05/2024 as 16:00

Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

O mercado acompanha com atenção as projeções e previsões para os índices oficiais da inflação e de crescimento da economia brasileira. O último Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira, 6, afirma que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o indicador oficial da inflação, pode fechar o ano de 2024 em 3,72%, poucos décimos a menos que a previsão do Focus anterior, em abril, que foi de 3,76%.


Apesar de feita com base em consultas a economistas e analistas do mercado, a afirmação do BC bate com a edição mais recente do Boletim Macrofiscal, divulgado em 21 de março pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, que reduziu a projeção de 3,55% para 3,5%. Ambas as projeções colocam o IPCA dentro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.


O economista Rodrigo Rocha, professor dos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Pós-Graduação lato-sensu da Universidade Tiradentes (Unit), explica que as projeções de inflação se baseiam basicamente no comportamento dos preços dos bens e serviços mais demandados pela sociedade. “O IPCA é calculado a partir de uma média ponderada dos preços de vários bens e serviços que a sociedade adquire para satisfazer suas necessidades. A partir da análise de cada um desses bens e serviços e das expectativas sobre o comportamento dos preços destes bens e serviços, é feita a projeção para um determinado período, que pode ser mensal, trimestral, anual”, diz ele.


De acordo com Rodrigo, cada item é analisado individualmente para projetar o futuro dos preços, com base na avaliação de fatores que o influenciam, como produção agrícola, efeitos climáticos esperados (chuvas, secas, etc), custos de insumos como fertilizantes e combustíveis, ou mesmo o dólar americano, que se reflete nos preços de produtos importados. “Mudanças significativas nas expectativas sobre os fatores apontados forçam o governo a revisar suas projeções para se aproximar da realidade. Ao longo do tempo várias situações não previstas inicialmente nos modelos de previsão podem ocorrer, gerando mudanças nas estimativas. E elas podem ser tanto positivas quanto negativas”, aponta.


Um exemplo está no setor agropecuário, que começou a contabilizar alguns maus resultados. Em março, uma projeção da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) previu uma queda de até 1% no Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária neste ano, após ter registrado o crescimento de 15,1% em 2023. “O setor agropecuário é uma atividade muito relevante para a economia brasileira e, se tiverem mudanças significativas nas previsões produtivas (devido a questões climáticas, por exemplo), a estimativa do PIB precisa ser revisada”, pontua o economista. É aqui que podem entrar as possíveis consequências do desastre climático que se abateu sobre o Rio Grande do Sul, destruindo cidades inteiras e afetando principalmente as lavouras de arroz, soja e criação de gado.


PIB


Outra projeção muito acompanhada pelos boletins oficiais é sobre o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e dos serviços produzidos no país. No Boletim Focus, o crescimento do PIB foi estimado em 2,05%, contra 2,2% previstos pelo Macrofiscal. Ele é calculado a partir da expectativa de vários indicadores, como os níveis de emprego, de endividamento das famílias e empresas, de produção das atividades econômicas e de demanda dos mercados internacionais, entre outros.


“Esses fatores são importantes para estimativa, pois uma economia com um bom nível de emprego e renda, por exemplo, tende a ter maior consumo, estimulando que as empresas produzam mais bens e serviços para atender esta demanda, aumentando a riqueza do país. Outro exemplo importante é o mercado internacional, que tem um grande peso na compra de produtos brasileiros, e, por isso, acompanhar o desempenho econômico de outros países é muito importante para a estimativa do PIB”, explica o professor Rodrigo.


Autor: Gabriel Damásio

Fonte: Asscom Unit