Um dos principais desafios a serem enfrentados na saúde pública brasileira é a necessidade de formação de médicos especialistas, assim como em outras carreiras da área de saúde. O estudo Demografia Médica no Brasil 2025, feito pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em parceria com o Ministério da Saúde, mostra que, em dezembro de 2024, o Brasil contava com 353.287 médicos especialistas, equivalente a 59,1% do total de profissionais registrados no país. Apesar do crescimento relativo em relação a anos anteriores, a distribuição destes especialistas pelo território nacional é desigual. A região Sudeste concentra 55,4% de todos os médicos especialistas, seguida pelas regiões Sul (16,7%), Nordeste (14,5%), Centro-Oeste (7,5%) e Norte (5,9%).

Um caminho para suprir esta demanda está nos Programas de Residência, cursos em nível de pós-graduação lato sensu para aprofundamento e especialização em áreas específicas. A Universidade Tiradentes (Unit) é uma destas instituições, e mantém atualmente seis programas em Sergipe. Um deles é a Residência Multiprofissional em Terapia Intensiva, para as áreas de Odontologia, Enfermagem e Fisioterapia, vinculados aos cursos do Campus Farolândia, em Aracaju. Os outros cinco são Residências Médicas nas áreas de Medicina de Família e Comunidade, Ginecologia e Obstetrícia, Clínica Médica, Cirurgia Geral e Pediatria, ligadas ao curso de Medicina em Estância. 

Há ainda a previsão de que, em breve, sejam abertos mais três programas de residência médica ligados ao curso de Medicina da Unit em Aracaju. “Com essa possibilidade, estaremos presentes em toda a formação. O aluno vai entrar no curso de Medicina, vai fazer os seis anos e depois vai fazer mais dois ou três de residência médica. E vão fazer uma das melhores residências do país, pois irão contar com o melhor da nossa qualidade técnica e acadêmica”, destaca o diretor acadêmico da Unit, Marcos Wandir Nery Lobão.

Trata-se da única instituição privada de ensino superior em Sergipe a manter estas residências. Segundo o diretor de Relações Institucionais da Unit, professor Valter Joviniano de Santana Filho, esse protagonismo se destaca em um cenário em que outras residências médicas no estado estão vinculadas apenas ao serviço público federal, estadual ou a instituições filantrópicas. 

“A Unit consolida-se como referência na formação em saúde e um dos marcos desse compromisso é a oferta destes programas de Residência, reconhecidos como formas qualificadas de formação para atuação de profissionais da saúde. É uma iniciativa que a posiciona de forma diferenciada, evidenciando a qualidade do ensino e a capacidade de integrar seus cursos à realidade do sistema de saúde, com forte inserção social e acadêmica”, contextualiza Valter. 

Os programas são promovidos a partir de parcerias firmadas pela Unit com outras instituições, que cedem suas unidades e espaços como “cenários de prática”. Na residência Multiprofissional, a parceria é com a da Fundação de Beneficência Hospital de Cirurgia (FBHC), em Aracaju. Já nas residências médicas, elas são a Secretaria Municipal de Saúde de Estância e os hospitais regionais Jessé Fontes e Amparo de Maria, em Estância. Estas parcerias ampliam o impacto das residências e reforçam ainda mais o compromisso da Unit com a sociedade. 

“As residências em saúde desempenham um papel crucial na saúde pública, formando profissionais qualificados para atuar no SUS [Sistema Único de Saúde] e contribuindo para a melhoria da assistência à população. Essa modalidade de formação, que integra ensino e serviço, promove a prática multiprofissional, a integralidade do cuidado e a humanização da atenção. A Unit tem o compromisso educacional e social em oferecer para a população profissionais mais especializados, visando atender aos anseios da população em suas necessidades de saúde”, assevera a professora Juliana Mendonça Borges, coordenadora de Desenvolvimento e Parcerias Estratégicas em Saúde da Unit.  

As residências

Instituída pela Lei 6.932/1981, a Residência Médica é uma etapa de especialização destinada a profissionais graduados em Medicina e com registro nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs). “É considerada o padrão ouro da formação especializada, pois une teoria e prática de forma intensa. Os residentes atuam diretamente nos serviços de saúde, com carga horária semanal de 60 horas, acompanhados por preceptores e professores que orientam e avaliam seu desempenho ao longo do programa. Isso contribui para uma formação prática de excelência”, explica o professor Jerocílio de Oliveira Júnior, coordenador do curso de Medicina em Estância e responsável pela Comissão de Residência Médica da Unit (Coreme). 

Atualmente, a Unit tem cinco programas de Residência Médica, que funcionam desde 2022 através do curso de Medicina da Unit em Estância. Todos duram entre dois ou três anos, com 20 ingressos por ano, via processo seletivo, somando diferentes níveis de formação em andamento. A cidade reúne os principais cenários de prática dos residentes: as Unidades Básicas de Saúde do município e os hospitais locais (Amparo de Maria e Jessé Fontes). De acordo com Jerocílio, eles também realizam atividades em outros serviços de saúde em Sergipe, com foco em uma formação ampla e qualificada. 

Já a Residência em Área Profissional da Saúde (Multiprofissional e Uniprofissional) é voltada aos profissionais de outras profissões da saúde e instituída pela Lei 11.129/2005. Ele é focado na educação em serviço na área e tem duração de dois anos, igualmente com média de 60 horas semanais (dedicação exclusiva), sendo 80% práticas e 20% teóricas. Na Residência Multiprofissional em Terapia Intensiva, realizada pela Unit e pela FBHC desde 2021, são oito ingressos anuais via processo seletivo, sendo três enfermeiros, três odontólogos e dois fisioterapeutas. 

“Os residentes realizam a etapa prática no Hospital de Cirurgia, mas o programa tem parceria com outras instituições do próprio estado, e fora dele, para receber os residentes no estágio opcional, caso o profissional opte por realizar em uma instituição diferente”, explica a professora Manuela Vieira Martins, docente do curso de Enfermagem e responsável pela Comissão de Residência Multiprofissional em Saúde (Coremu), órgão que coordena o programa.

Nas duas modalidades de residência, os professores, tutores e preceptores são profissionais vinculados à Unit (onde atuam no Centro de Especialidades Médicas e no Centro de Simulação Realística) e às unidades e instituições parceiras, sendo todos com qualificação na área de concentração e a maior parte com títulos de mestrado e doutorado.

Manuela considera que esta formação proporciona aos residentes uma imersão prática e teórica em seus campos de atuação, o que contribui para o desenvolvimento de habilidades técnicas, competências socioemocionais e uma compreensão mais profunda das dinâmicas do ambiente de trabalho. “Somado a isso, esses programas formam profissionais mais preparados, críticos e comprometidos com os princípios do SUS. Ao promover uma formação intensiva, interprofissional e socialmente engajada, as residências contribuem não apenas para o crescimento individual dos profissionais, mas também para a qualificação dos serviços e a melhoria da atenção à saúde da população”, ressalta ela.

As residências transformam a prática dos profissionais. Durante os anos de formação, os residentes enfrentam casos reais, aprendem com especialistas, aprimoram seu raciocínio clínico e desenvolvem habilidades técnicas e humanas fundamentais para cuidar das pessoas com segurança e qualidade. Além disso, por estarem inseridos em comunidades e unidades de saúde locais, esses médicos contribuem ativamente para a melhoria do atendimento à população e se preparam para atuar com responsabilidade e compromisso social”, considera Jerocílio.

Além dos programas em Sergipe, outros cinco são mantidos através da Faculdade Tiradentes de Goiana (Fits Goiana), em Pernambuco: são as Residências Médicas em Medicina de Família e Comunidade, Clínica Médica, Cirurgia Geral, Pediatria e Tocoginecologia (especialidade que engloba a ginecologia e a obstetrícia). Com a possibilidade de criação de três residências em Aracaju, o Grupo passará a ter 14 programas de residência em saúde. 

Autor: Gabriel Damásio

Fonte: Asscom Unit