Nem bolsonaristas no Congresso saem em defesa de Ernesto Araújo em meio à pressão para derrubá-lo


Publicado em 29/03/2021 as 07:46

Alvo de quase toda a classe política após novo embate com o Congresso neste domingo (28), o ministro Ernesto Araújo não teve a sua continuidade à frente do Itamaraty defendida nem mesmo pela maioria dos deputados bolsonaristas.

Parte deste grupo avalia que a relação de Jair Bolsonaro (sem partido) com o Congresso é boa atualmente e não deve ser sacrificada em nome da permanência do chanceler. Desde o início da pressão para derrubar Araújo, vários dos parlamentares ficaram calados.

Eles são unânimes em elogiar Araújo e dizem que gostariam que ele não fosse demitido, mas decidiram não se envolver. “Existe pressão pela troca. Não vejo problema algum em trocar, ele já fez a sua colaboração, mas às vezes ceder tem seus ganhos”, diz Bibo Nunes (PSL-RS).

Ala dos bolsonaristas ressalta não saber o que o presidente da República quer fazer nesse caso, e diz que protestar contra a saída de Araújo talvez seja ir contra a própria vontade dele. Além disso, não veem implicância de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) com o chanceler por divergência ideológica.

Os únicos que saíram em defesa de Araújo, pouco depois de suas postagens, foram os canais do bolsonarismo radical, o que levantou a suspeita entre parlamentares de ação orquestrada nas redes sociais.

Ministros do STF engrossam o coro pela demissão do chanceler e dizem que a hora dele já passou.

Pessoas próximas de Araújo alegam que ele partiu para o contra-ataque porque o Congresso exagerou na dose. Para aliados do ministro, o Senado não deixou brecha nem para que ele tivesse uma saída honrosa da pasta ao indicar que não aprovaria sua indicação para alguma embaixada de relevo.

 

Da Folha de São Paulo